Lá quando em mim perder a humanidade Mais um daqueles, que não fazem falta, Verbi-gratia — o teólogo, o peralta, Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade: Não quero funeral comunidade, Que engrole "sub-venites" em voz alta; Pingados gatarrões, gente de malta, Eu também vos dispenso a caridade: Mas quando ferrugenta enxada idosa Sepulcro me cavar em ermo outeiro, Lavre-me este epitáfio mão piedosa: "Aqui dorme Bocage, o putanheiro; Passou vida folgada, e milagrosa; Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro".
As pessoas sensíveis As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra "Ganharás o pão com o suor do teu rosto" Assim nos foi imposto E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão." Ó vendilhões do templo Ó constructores Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheios de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem.
Conhecida por sua capacidade de combinar freneticamente vários sons, a dupla belga 2ManyDjs, faz parte da programação de hoje no Gare Clube. A noite contará ainda com a presença dos Fritus Potatoes Suicide. Sons frenéticos e condensados, farão parte de mais uma noite de altíssima rotação na invicta cidade.
Estão esgotados os cinco mil lugares do Pavilhão Municipal de Gaia para mais um concerto de Emir Kusturica e a The No Smoking Orchestra, agendado para esta sexta-feira, 21 de Novembro. A banda que já conta com uma forte legião de fãs, regressa a Portugal, para "debitar" mais uns decibéis de punk-rock misturado com os tradicionais sons dos Balcãs. Formada em Belgrado em 1980, esta banda, destaca-se pelo tom satírico das suas letras e pela agressividade crítica relativamente ao poder político. Este concerto insere-se na digressão "Time of the Gypsies", nome do último disco da banda, caracterizado como ópera punk. É caso para se dizer que às 22 horas de sexta-feira, Gaia, terá o "ataque mais temido, terrorismo sónico"!
Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra - Pitbull Terrier
Para quem não viu o Ratatui e por isso, não teve acesso à curta da Pixar que antecedia o filme, ou mesmo, só para fazer um "rewind", aí está ela. Lifted é mais um exemplo que em matéria de animação a Pixar é uma limpeza.
Luz, câmara, acção. Eis a representação do quotidiano na poesia de Cesário Verde. Poeta-pintor, o espaço é todo teu!
Contrariedades
Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; Nem posso tolerar os livros mais bizarros. Incrível! Já fumei três maços de cigarros Consecutivamente.
Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos: Tanta depravação nos usos, nos costumes! Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes E os ângulos agudos.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes E engoma para fora.
Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas! Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica. Lidando sempre! E deve conta à botica! Mal ganha para sopas...
Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta No fundo da gaveta. O que produz o estudo? Mais uma redacção, das que elogiam tudo, Me tem fechado a porta. A crítica segundo o método de Taine Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa Muitíssimos papéis inéditos. A Imprensa Vale um desdém solene.
Com raras excepções, merece-me o epigrama. Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo, Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho Diverte-se na lama.
Eu nunca dediquei poemas às fortunas, Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas. Independente! Só por isso os jornalistas Me negam as colunas.
Receiam que o assinante ingénuo os abandone, Se forem publicar tais coisas, tais autores. Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores Deliram por Zaccone.
Um prosador qualquer desfruta fama honrosa, Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie"; E a mim, não há questão que mais me contrarie Do que escrever em prosa.
A adulação repugna aos sentimento finos; Eu raramente falo aos nossos literatos, E apuro-me em lançar originais e exactos, Os meus alexandrinos... E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso! Ignora que a asfixia a combustão das brasas, Não foge do estendal que lhe humedece as casas, E fina-se ao desprezo!
Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova. Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente, Oiço-a cantarolar uma canção plangente Duma opereta nova!
Perfeitamente. Vou findar sem azedume. Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas, Conseguirei reler essas antigas rimas, Impressas em volume?
Nas letras eu conheço um campo de manobras; Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague", E esta poesia pede um editor que pague Todas as minhas obras...
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha? A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia? Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia... Que mundo! Coitadinha!
Guarda-chuvas abertos, bolinhas de sabão e toneladas de néon. Um dia, de repente, alguém decidiu criar o seguinte conceito “vintage and colorful sunglasses for sunny days, special nights and hard mornings”. Fim de papo.
Vhils é um dos mais importantes artistas de rua portugueses da actualidade. O lisboeta, que aos 16 anos já expunha o seu trabalho nas ruas da capital, tem dividido o seu tempo entre Portugal e Inglaterra, onde de resto esteve presente para o famoso festival de graffiti TheCans Festival, em Maio, em Londres.
Flora Matos, revelação feminina do rap brasileiro, já tem data marcada para se estreiar em Portugal. Quinta-feira, 13 de Novembro será o dia, Plano B o local. Directamente de Brasília, Flora, logo cedo se mudou para São Paulo onde lhe foi apresentada a cultura Hip Hop. Em 2003, cria o seu primeiro grupo, Noções Unidas, que dura até 2005. Em 2006, com apenas 17 anos, a MC inicia a sua carreira a solo, ao lado de DJ Brother, sendo considerada a melhor MC do ano na cidade de Brasília. Com um estilo pesado que faz tremer o chão, Flora Matos, deixa de lado o estilo "tigrão" e dá um cheirinho do Rap que se faz do outro lado do Atlântico. Fica tranquilo! É permitida a entrada a estranhos.
Esta semana exibimos a curta-metragem Hotel Chevalier, realizada por Wes Andersonem 2007, como uma espécie de mote para o seu último filme The Darjeeling Limited. Conta com a presença de Jason Schwartzman e da sempre encantadora Natalie Portman.
Esqueçam a ausência de legendas e fiquem com o requinte.
Totalmente actual, aqui têm Nevoeiro, poema da terceira parte da Mensagem, O Encoberto. "Pessoa ele-mesmo" assinou esta obra.
Nevoeiro Nem rei nem lei, nem paz nem guerra, Define com perfil e ser Este fulgor baço da terra Que é Portugal a entristecer - Brilho sem luz e sem arder, Como o que o fogo-fátuo encerra Ninguém sabe que coisa quer, Ninguém conhece que alma tem, Nem o que é mal nem o que é bem. (Que ânsia distante perto chora?) Tudo é incerto e derradeiro. Tudo é disperso, nada é inteiro. Ó Portugal, hoje és nevoeiro... É a Hora!
Os Goldie Lookin Chain são uma banda de rap/hip-hop de Newport, no Sul do país de Gales, com um estilo controverso e humorístico que dispara sobre temas como o próprio hip-hop, a sociedade e cultura dos nossos dias, com uma visão, por vezes pouco “nítida”, do mundo musical contemporâneo.
A crew é formada por Dwain Xain Zedong, 2 Hats, Magot, Billy Webb, Eggsy, Mystikal, Mike Balls e Adam Hussain. O primeiro álbum editado da banda é de 2001, Don’t Blame The Chain. Até ao mais recente, Under the Counter, saíram do laboratório GLC 7 álbuns. Procurem conhecer a obra que não se vão desiludir.
Deixo-vos com Your Mother's Got A Penis (The Manifesto) e ainda Half Man Half Machine do mais recente Greatest Hits (2006).
Carl Warner, fotógrafo londrino de 44 anos, usa os alimentos como base de criação artística. Brócolos, pão, couve-roxa, couve-flor, batatas, cabeças de alho, espinafres, raminhos de salsa, queijos e enchidos são a matéria-prima da sua obra fotográfica. Estás com fome? Então presta atenção nas fotos!
007 – Quantum of Solace é o nome do novo filme de James Bond. O famoso agente secreto britânico está de volta às salas de cinema com estreia marcada para hoje. Daniel Craig, sexto actor a interpretar James Bond, volta a mostrar o estilo “durão” revelado em Casino Royal. Realizado por Marc Forster, 007 – Quantum of Solace, é mais uma aventura na vida de Bond, sempre recheada de acção, velocidade, mulheres bonitas e muito “power”.
Lotação esgotada em mais uma noite Clubbing na Casa da Música. Cut Copy e Boys Noize apresentam-se no dia 14 de Novembro para abalar as estruturas de mais uma madrugada na invicta cidade. A banda australiana Cut Copy destaca-se neste Clubbing, prometendo um electropop, caracterizado como “música de dança alternativa”. Com influências musicais dos anos 80, esta banda já é uma referência no mundo da música electrónica. A noite contará ainda com a participação de um DJ set comandado por Boys Noize. O germânico Alexander Ridha, cabeça pensante deste projecto, apresentará o álbum Oi Oi Oi de 2007 que contém remisturas de Depeche Mode, Feist e Kaiser Chiefes, garantindo o som mais penetrante da noite. Infelizmente para os amantes do sonoro electrónico, os 750 bilhetes disponíveis já foram vendidos. Portanto, se liga, não faças como nós! Para a próxima antecipa-te e garante a tua presença!
Para os amantes de Tarantino aqui fica Tarantino's Mind, curta de 2006, realizada pelo colectivo 300 Ml, com a participação de Seu Jorge e Selton Mello.
Electrizante! Eis o melhor adjectivo para descrever a actuação do grupo brasileiro mais internacional do momento: Cansei de Ser Sexy.
A noite estava fria no Porto, o movimento nocturno como habitual, à semana, era pouco ou quase nenhum. No velhinho Sá da Bandeira, pequenos grupos de jovens faziam a espera ao que ansiavam ser uma noite de raro divertimento e surpresas qb. A explicação era simples, as brasileiras CSS, meninas dos olhos do Reino Unido, actuavam na Invicta pela primeira vez, depois de, no passado mês de Julho, terem deixado os fãs à beira de um ataque de desespero ao desmarcarem o concerto no Optimus Alive, em Oeiras.
Para aquecer o ambiente os X-Wife voltaram a abrir - já o tinham feito na noite anterior no Coliseu dos Recreios - com o rock electrónico que os distinguiu na cena nacional para um público que, à medida que o tempo passava, era cada vez mais e que aderiu ao espectáculo sem reservas.
Já com a sala cheia contavam-se os minutos para a entrada de uma das bandas da moda no cenário pop kitsh mundial. Com Luísa Lovefoxxx nos vocais, Adriano na guitarra e baixo, Luíza Sá na guitarra e bateria, Ana Resende na guitarra e gaita e Carolina Parra fazendo uma troca entre a guitarra e o sintetizador, as paulistas garantiram a reputação de psicadélicas que têm em terras de sua majestade. Começando com Jager Yoga, primeira música do novo disco Donkey, os balões que decoravam o palco começaram a mexer. Deu-se início ao ambiente circense que é marca da banda. Estilo descontraído dentro e fora de palco numa mistura de música, moda e design que se cola na perfeição ao perfil do grupo. Ao ritmo da música, Lovefoxxx ia encantando o público, desde os mais novos que faziam de tudo para levar uma recordação do ídolo aos mais velhos que se deixaram levar pela música e mundo imaginário da cantora e suas amigas. Com coreografias muito próprias e com o sentido de humor que lhe é reconhecido, a cantora ganhou a audiência e, mesmo quando de repente falhou a luz, o grupo recomeçou a tocar debaixo de uma gargalhada voltando ao início da música com incentivos de tira a roupa! Ninguém é de ninguém!
Foi com um coro nem sempre informado mas totalmente esforçado que se entoaram temas do primeiro disco, e por isso, temas mais conhecidos do público português, como Alcohol, Music is my hot hot sex ou Off the hook que, se entrelaçaram na perfeição com Rat is Dead,Left Behind, Move e outras do último álbum da banda. Os pontos altos da noite vieram com Let's make love and listen to death from above e Alala, sem dúvida os maiores sucessos.
Em jeito lovefoxxxiano a noite bué fixe das CSS terminou como tinha começado, com o clássico Scatman de John Scatman.